eu e você entramos em uma máquina de fazer ressonância magnética. na verdade, fui apenas eu, você estava dentro de mim. você dentro do meu crânio. você escreveu um conto, na verdade, fui eu, você escreveu um conto sobre uma moça branca que entrava sozinha na máquina de fazer ressonância magnética com roupão azul e sem sapatos. ela criava um texto dentro da sua cabeça e o texto ia aparecendo na tela do operador do equipamento. às vezes, demorava para carregar, nesses momentos o operador tomava um gole de café. às vezes, algumas palavras desapareciam da tela porque a moça as havia dispensado, nesses momentos o operador olhava para o relógio de parede na parede atrás do computador. quando a enfermeira colocou o contraste no acesso, o relógio marcava 7:43h do horário de brasília, mas a parede então demolia-se porque brasília se desfacelava frente ao sequestro diário do país.